26/11/2011

Luz Cadente








Aqueles tons em cobre
ondulando em folhas na tarde?
Meus olhos devem andar poéticos
ou delirantes.
Ou mais febril a minha percepção
que entende
Que os animais atendem
às nuances que a luz da tarde concede.
Luz e folha devem ter naturezas atadas
em delicado, intraduzível elo
que traça o pássaro ao ninho.
Não sei.
O que para as aves deve ser
algo como arbóreas núpcias
em mim
é um degredo em ecos,
um vago ruflar de um sentido.

Minha razão nada pode
Contra a luz cadente
Que vela e desvela
aquele tom amêndoa
- ferrugem quase dor,
Quase leve -
Que a alma agora consente.
E que de volta
à presciência do mundo,
ao ninho da terra
vai me cumprindo.

(F. Campanella)


16/11/2011

Em Todas as Ruas te Encontro...









Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
Mário Cesariny, in "Pena Capital"




Related Posts with Thumbnails

Acerca de mim